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Minha Análise da Leitura: Vidas Secas de Graciliano Ramos


 Eu costumo ler muito, e quando me sinto no meu ‘habitat’ a leitura flua de uma forma mais rápida, eu costumo ser aquela leitora que chora, ri, consegue sentir gosto, cheiro, visualizar o cenário no decorrer da leitura. Porém, a leitura de VIDAS SECAS para mim, foi um pouco difícil e lenta, pois como disse o Davi em seu resumo, “sou jovem totalmente urbana”. Por isso apesar da riqueza dos detalhes que o autor descreve a narrativa da história, eu precisei recorrer a um glossário para consegui enfim, criar este cenário em minha mente e me apegar a história.

Ao olhar para o título do livro – VIDAS SECAS – chego à conclusão que não reflete somente a condição da natureza (seca), mas também remete a falta (seca) de esperança e de perspectiva de dias melhores.

Pois o livro sugere que o pobre está jogado à sua própria sorte, sem saída, sem chance de alguma melhora social e econômica, por isso a família de retirantes anda em círculos, pois, de tempo em tempo, precisa fugir para áreas menos castigadas pela seca e assim ‘retomar o caminho de sempre’, já que as instituições em geral fecham os olhos para essa realidade/problema.

E olhando para os dias atuais, penso que essa realidade descrita no livro, não foi exclusiva da década de 30, quando a obra foi escrita, isso ainda acontece nos dias atuais. Quantas situações de injustiça social, miséria, fome, desigualdade, seca vemos ser relatados nas mídias atuais?

Não sei se poderia fazer essa comparação, pois o contexto histórico, social e econômico deve ser totalmente diferente, mas porque DUBAI construída num deserto tem tudo para que o ser humano viva da melhor forma possível? Lá prova que com as tecnologias que temos e as riquezas, podem gerar a mudança de uma terra seca em uma terra habitável, se o ‘Homem’ assim quiser.

Alguns Personagens:

·   Baleia: tem um nível de humanidade maior que os humanos por demonstrar mais empatia; uma curiosidade é o nome dado a ela, que remete um contraste a seca, ponto focal do livro;

·     Fabiano: é rude e devido a falta de instrução, acaba muitas vezes se sentindo como animal, devido as dificuldades de completar pensamentos lógicos; mas se atraem pelas palavras e as ideias e ações que elas trazem; por isso oscila entre a condição de homem e animal;

·     Sinha Vitória: cheia de fé, sonhadora, trabalhadora, e esperta, já que sabe fazer conta, sempre alerta o marido sobre os trapaceiros que tentam tirar vantagem dele;

·      Menino Mais Novo: idolatra o pai;

·   Menino Mais Velho: não tem interesse nessa vida sofrida que eles têm, porém tem sede de conhecimento, em aprender as palavras.

Mais alguns pontos observados:

·         Conheci um pouco da cultura e realidade do sertão nordestino;

·         Conheci um dialeto regional;

·     Narrativa não linear ao tempo como tenho costume de ver, dando a impressão que eu poderia ler os capítulos em qualquer ordem que não alteraria o entendimento, exceto pelo capitulo um e o ultimo que relata a fuga da seca.

 Bruna Matos 




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