Conhecendo mais sobre o autor e o título do livro:
Mayombe é um romance do escritor angolano “Pepetela”, pseudônimo usado por Arthur Carlos Maurício Pestana dos Santos, nascido em Benguela, Angola em 1941. A palavra Pepetela em si significa pestana ou cílios em uma das línguas faladas em Angola, fazendo assim referência a um dos sobrenomes do autor. Além de Mayombe, Pepetela também é autor de obras como “As aventuras de Ngunga” e “A geração da utopia”.
Não menos importante, Mayombe é o nome dado a uma região montanhosa e de mata densa do continente africano e é onde grande parte da história se passa.
O livro ganhou destaque após ser um dos livros exigidos na lista da Fuvest sendo assim um dos mais procurados por estudantes nas livrarias do país.
Mas vamos lá falar sobre a minha opinião sobre a história...
No começo da leitura o autor nos introduz a um grupo de guerrilheiros do movimento MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) que lutam por uma Angola mais justa e livre do colonialismo. Ele nos mostra o dia a dia desses guerrilheiros e os desafios enfrentados em uma base militar tais como frio, suprimentos escassos, a vida num lugar remoto e brigas e desconfianças entre tribos, esse último tópico ganha destaque pois é amplamente discutido e os nomes das tribos kikongos e kimbundos estão presentes durante toda a narrativa, trazendo muita desconfiança e desconforto entre os guerrilheiros por serem tribos que de certa forma são rivais na região onde eles estão.
Mas o leitor enganasse ao pensar que se trata apenas de uma narrativa sobre estes guerrilheiros, o livro é bem mais complexo, ele nos mostra que além de serem guerrilheiros estes personagens também são humanos, cheios de conflitos internos e que cada um deles trazem consigo uma bagagem seja ela de insegurança, ódio, medo ou dor de experiências passadas, além de que o autor intencionalmente faz com que nos questionemos sobre os nossos ideais políticos e econômicos, através de discussões e diálogos entre os personagens sobre comunismo, socialismo e Marxismo.
Falando sinceramente como uma leitora que se considera um pouco leiga e que não aprecia muito textos que se aprofundam nesses termos que citei acima, confesso para vocês que o livro sim vale muito a pena, ele tem esse lado mais questionador porem o autor faz isso de uma forma interessante, o que torta a leitura nem um pouco maçante nem incomodo de ler, pelo contrário, de forma sutil ele nos faz querer saber mais sobre os ideais dos guerrilheiros e sobre toda a história do movimento do MPLA.
Se eu fosse dar uma nota de 0 a 5 para o livro eu daria 3,5, pois como falei anteriormente este tipo de texto não é o tipo que me identifico e que leio com muita frequência, porem o livro é interessantíssimo e nos faz usar o nosso senso crítico, sobre nossa sociedade como um todo.
Agora mudando um pouco de assunto...
Este livro me fez pensar muito também sobre uma questão e gostaria de compartilhar ela com vocês... Quantos escritores Africanos vocês já leram?? Melhor ainda, vamos abrir ainda mais essa pergunta. Eu não gosto de utilizar este termo mas vamos lá, quantos escritores de países classificados como “subdesenvolvidos” vocês já leram ao decorrer da vida de vocês?
Vou deixá-los com esse pequeno questionamento na cabeça para quem sabe um dia a literatura e a educação desses países de uma forma geral reconhecida e desenvolvida para que possamos ter mais acesso a uma literatura com mais diversidade e mais rica culturalmente.
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